

Há muitos casos considerados insolucionáveis na Medicina Veterinária até hoje, infelizmente. A Medicina Convencional é um grande aliada para diversos casos de adoecimentos dos animais, porém ela também tem as suas limitações. O que fazer quando os profissionais ou tutores ficam sem respostas frente a um caso difícil?
A Medicina Veterinária Integrativa pode ser a solução, visto que é uma abordagem médica ampla que inclui e combina diversos aspectos da vida de um animal (físico, emocional, mental, social, ambiental e espiritual). Assim, os tratamentos integrativos utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais e que também podem ser usados como cuidados paliativos em doenças crônicas, por exemplo.
Como o nome sugere, a integrativa não rejeita a medicina convencional, pelo contrário, para muitas doenças e condições ambas as terapêuticas são somadas para recompor a saúde dos animais.
Os tratamentos que compõem a veterinária integrativa e que são reconhecidos como especialidades pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) são a Homeopatia e a Acupuntura. No entanto, há vários outros utilizados por profissionais, como a Ozonioterapia, Fitoterapia, Quiropraxia, Florais, Aromaterapia, Cromoterapia, Células-tronco, Antroposofia, Reiki e Constelação Familiar.


A homeopatia, especialidade escolhida por mim e que ajudou a me curar da bronquite quando eu era pequena, é fundamentada no Princípio Vitalista e na Lei dos Semelhantes, relatada por Hipócrates no século IV a.C. Posteriormente, no século XVIII, o médico alemão Samuel Hahnemann na sua obra Organon da Arte de Curar, estabeleceu a homeopatia como alternativa frente às terapias praticadas na mesma época.
A homeopatia baseia-se em quatro princípios fundamentais: lei dos semelhantes, experimentação no homem são, doses mínimas ou infinitesimais e medicamento único.
A principal lei que rege os tratamentos homeopáticos, ou seja, a lei dos semelhantes estabelece que os sintomas das pessoas e animais podem ser curados por substâncias que podem causar os mesmos sintomas em indivíduos saudáveis.
Os medicamentos homeopáticos são testados em pessoas saudáveis para posterior descrição dos sintomas vivenciados por elas. Dessa forma, após a administração, é possível conhecer as propriedades terapêuticas de cada medicamento. O conjunto de todas as patogenesias (relações de sintomas relatados nas experimentações) dos medicamentos homeopáticos está descrito nas obras chamadas de Matérias Médicas, sendo que a de Hahnemann é considerada a clássica.
As doses mínimas ou infinitesimais foram criadas por Hahnemann para evitar intoxicações ou agravações que poderiam ser desenvolvidas pelas substâncias.
Os medicamentos homeopáticos são preparados de forma única, diferente de outros métodos terapêuticos, utilizando a sucussão, que consiste na movimentação vigorosa em cada fase de diluição. O principal objetivo da sucussão é a de potencializar ou dinamizar o medicamento para o sucesso terapêutico, além de eliminar os efeitos tóxicos.
Homeopatia Veterinária
Na segunda metade do século XVIII, Samuel Hahnemann curou um cavalo com oftalmia periódica (processo inflamatório repetido nos olhos) com o medicamento homeopático Natrum muriaticum. A partir do século XIX, o estudante de Hahnemann Ersnt Rückert e o veterinário Guillaume Lux começaram a tratar pacientes animais com Aconitum, Bryonia e Dulcamara, sendo considerados os pais da homeopatia veterinária. Desde então, algumas obras foram escritas e publicadas, como "New Manual of Homeopathic Veterinary Medicine" de Gunther (1856) acerca do crescente interesse pela homeopatia nos animais.


No Brasil, o CFMV reconhece a homeopatia como especialidade veterinária desde 1995. Sendo também considerada uma ótima opção de tratamento em animais no mundo todo.
Por exemplo, a pesquisa transversal de Stanossek e Wehrend (2022) foi importante para investigar e quantificar o interesse na abordagem da naturopatia e medicina complementar (onde está incluída a homeopatia) por veterinários alemães de pequenos animais. Ao todo foram coletados 785 questionários em toda a Alemanha. O total de profissionais que usaram a naturopatia e medicina complementar nos seus pacientes foi de 679 (85,4%), sendo o uso de complexos comerciais homeopáticos mais frequente (70,4% de 478 profissionais), enquanto a homeopatia clássica foi a terceira terapêutica mais usada (44,3% de 301 veterinários). As vantagens principais de uso da naturopatia e medicina complementar, apontadas na pesquisa, foram expansão das modalidades terapêuticas (73,5%), satisfação do cliente (70,8%) e baixos efeitos adversos (63,2%).
As condições mais frequentemente tratadas com homeopatia em 1431 atendimentos clínicos por médicos veterinários na Inglaterra, segundo pesquisa de Mathie et al. (2007), foram artrites, dermatites, claudicação, epilepsia e diarreia. O resultado do tratamento foi positivo para 79,6% dos pacientes caninos e em 79,8% dos felinos.
De forma semelhante, o estudo de Campos, Benin e Camargo (2010) buscou determinar o perfil de atendimento do setor de Homeopatia Veterinária em uma universidade do Paraná, no Brasil. Do total de 55 animais atendidos, as afecções de pele, seguidas pelas gastrintestinais e neoplasias foram as mais procuradas pelo referido setor.
Em suma, o interesse pela homeopatia está em crescente evolução entre médicos veterinários e tutores, que estão buscando mais sobre outras abordagens de tratamentos. Veja como a homeopatia auxilia em qualquer processo de adoecimento, seja agudo ou crônico, e como devolve conforto e bem-estar para os animais e suas famílias. Saiba mais no botão abaixo!
Referências:
CAMPOS, F. L.; BENIN, L. A.; CAMARGO, V. M. F. Perfil do atendimento em homeopatia da Clínica Escola Veterinária (CEVET) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Paraná, Brasil. Ambiência Guarapuava (PR), v. 6, n. 2, p. 289-296, ago. 2010.
MATHIE, R. T. et al. Outcomes from homeopathic prescribing in veterinary practice: a prospective, research-targeted, pilot study. Homeopathy, v. 96, p. 27-34. 2007.
STANOSSEK, I.; WEHREND, A. Application of veterinary naturopathy and complementary medicine in small animal medicine – A survey among German veterinary practitioners. Plos one, v. 17, n. 2, p. 1-16. Feb. 2022.